Nessa semana testemunhei duas lindas experiências que me obrigam a falar de mim: sou adotado!
Na segunda-feira, um casal amigo missionários de formação/profissão/coração, me falaram com entusiasmo de duas crianças que estão adotando em um país onde servem hoje na América do Sul. Ambas adolescentes, sem certidão de nascimento! Nasceram em uma região desprovida de organização e em uma relação desprovida de cuidado. Enfrentam uma batalha judicial hercúlea para cuidar delas. Sem criatividade, a família de origem chamava as duas meninas pelo mesmo nome, diferenciando o segundo nome.
No final da semana, vi uma cena de uma criança chegando em sua nova casa com seus novos pais. Quanta alegria no coração dos pais imigrantes, missionários não de profissão/nem de formação/sim de coração, e quanta surpresa nos olhos e na ação da criança que naturalmente fica sem fala tentando absorver tudo aquilo.
“Será que vai durar?” imagino que ela pensa, afinal, a maioria das crianças experimentam várias casas de apoio antes de encontrarem – se encontrarem – uma família que os ame de verdade.
Esta encontrou. Eles viajaram 12.000 km para encontrar o novo filho, depois de viverem muitos anos de luta burocrática e financeira para completar esse processo que apenas começou. Muito amor, muita determinação, muita paciência e muito dinheiro muito bem investido. Adotar uma criança em outro país demora anos. Se o final do processo é um tempo de pandemia como foram esses dois anos, então a novela se “mexicaniza” à potencia não desejada. Foi assim.
As duas famílias já tinham filhos. Eles também são agentes ativos no processo de adoção. Eles também estão abrindo o coração, compartilhando espaços, desejosos por conhecer, lidando com a ansiedade, antecipando ciúmes, se afastando dos pais e do novo membro da família por causa das medidas sanitárias da pandemia; em resumo, doando suas vidas!
“Arriscado!”, diriam os prudentes de plantão. “A vida sem risco não vale a pena”, diriam os que arriscam amar! O risco real é ficarem mais parecidos com Jesus! O resto é faz parte dos processos da vida em um mundo complicado onde sempre teremos uma justificativa para não amar. Falando em Jesus, quero explicar agora minha adoção.
Eu nasci com problemas genéticos graves e sem tratamento, apesar do diagnóstico ser simples: pecado. (Rm. 3.23).
Minha mãe me deu à luz um lugar de trevas e depravação: o mundo que jaz no maligno (Sl.51.5). Recebi influencias do presente século e me conformei com essa realidade. (Rm.12.1) isso complicou tudo.
Por isso tinha destino certo: o inferno. (Rm.6.23)
Deus me amou e moveu literalmente céus e terra para me adotar em sua família. Ele também já tinha um filho. Esse Filho decidiu deixar de ser único herdeiro para me receber e dividir todos os direitos de filho. Nem me lembro que sou adotado! Tive um tutor que me guia até hoje em todas as minhas dificuldades rumo à maturidade. Eles não receberam apenas a mim, mas também minha mãe e meus irmãos. Soube depois que meu pai biológico também tinha sido adotado. Alguns de minha família se negaram – por puro orgulho – a se filiarem como herdeiros. Eles também foram convidados. Amo meu Pai, mas Ele me amou primeiro. É como se Ele já me conhecesse antes mesmo de eu saber dele. “Porquanto, aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Rm.8.29
Felicito a cada família que ama. Que abre portas através da adoção. Que compartilha. Que cuida. Que investe para a eternidade. Como vocês se parecem com meu Pai adotivo!
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